Outubro ROSA

Câncer de mama: conhecer para tratar e prevenir

O acesso universal a tratamentos avançados é, hoje, a principal meta na luta contra o câncer de mama metastático

Diferentemente do que acontecia há poucas décadas, a descoberta de um câncer de mama metastático não precisa mais significar um ultimato para a vida das pacientes. Com o avanço de tratamentos específicos, a possibilidade de prolongar o tempo de vida dessas mulheres já é uma realidade.

Como em qualquer outro tipo de câncer, receber o diagnóstico de uma doença disseminada é um choque imenso. Mas hoje existem tratamentos, mesmo para uma doença incurável, que estão progressivamente se sofisticando e, na maioria dos casos, permitem que se tenha uma vida longa, com uma boa qualidade de vida, dentro do possível, afirma o oncologista do Hospital Albert Einstein (São Paulo), Dr. Rafael Kaliks.

“O câncer de mama metastático continua sendo uma doença grave, mas existem formas de realmente aumentar o tempo de vida dessa mulher”, justifica.

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Por ocasião do lançamento da campanha Por Mais Tempo, no dia 17 de junho, no Museu de Arte de São Paulo, foi apresentado um panorama atual de diagnóstico e tratamento das brasileiras com câncer de mama metastático.

Segundo a pesquisa do Datafolha sobre a percepção dos brasileiros acerca da doença, embora a maioria da população afirme conhecer o câncer de mama, os estágios mais avançados ainda são considerados uma incógnita. O desconhecimento sobre o tema é um dos principais responsáveis para que a doença permaneça em patamares tão agressivos.

Hoje, o câncer de mama representa 22% de todos os novos casos de câncer diagnosticados no País. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 57 mil diagnósticos em 2015.

Ampliar o acesso

Ainda que os tratamentos continuem evoluindo, o acesso continua limitado, evidenciando uma disparidade entre as pacientes tratadas pelo SUS e aquelas que possuem convênios particulares.

A prevenção mais eficaz são os exames que detectam ainda cedo o tumor, para que ele seja plenamente curável. Isso é o que faz a mamografia, mas a adesão ao exame no Brasil não é satisfatória.

“Menos de 70% das mulheres acima de 40 anos fazem mamografia, Há demoras significativas no acesso ao tratamento. Não adianta fazer o exame, porque a entrega do resultado não garante que a mulher terá o tratamento imediato, como deveria”, expõe Rafael Kaliks.

O oncologista enfatiza a importância de conscientizar as pacientes sobre sua situação, dando-lhes mais confiança para enfrentar a enfermidade. “Para fazer mais, é preciso saber o que é possível ser feito. Devemos trabalhar para que as pacientes sejam pessoas ativas e responsáveis, tenham uma vida saudável, façam a mamografia anual, tratem o câncer, caso ele ocorra, lutem para que tenha acesso ao tratamento adequado e não deixem a vida se resumir ao câncer. A personificação do tratamento já é uma realidade, mas que ainda não é uma possibilidade para a maioria das mulheres”, explica.

Uma nova realidade

O acesso ao diagnóstico precoce é uma das metas na luta de entidades que trabalham com o câncer de mama. A presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), Maira Caleffi, alerta para que os medicamentos e terapias mais avançadas sejam disponibilizados no SUS.

“Hoje a realidade do câncer é bem outra e representar mais tempo de vida com qualidade às pacientes. Temos formas de tratar o câncer de mama, mas elas ainda não possuem acesso universal”, afirma Caleffi.

Caleffi explica que os médicos continuam tendo dificuldade para indicar o mais adequado, porque os tratamentos já podem ser personalizados, mas ainda não é possível fazer isso por meio do SUS. “Precisamos com urgência fazer com que esses avanços cheguem ao serviço público”.

Dessa forma, as entidades pretendem também tornar a batalha contra o câncer mais presente no cotidiano dos brasileiros. “A consciência do coletivo é de que o diagnóstico ainda é uma sentença de morte, e não precisa ser assim. Queremos agora chamar atenção para isso e procurarmos juntos novas soluções para controlar a doença”, afirma Maira Caleffi.

fonte: Diário do Nodeste

 

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